Sobretudo, tenho tanto a dizer. A página em branco chama, a caneta rolando por entre os dedos. Algo de impossível. Noutro dia me disseste que escrevia para não morrer. E quanto a mim? Não soube dizer. As vezes, os propósitos são os mesmos. De propósito a gente entende. Ora, ora. Vai ver é o inverso do que foi dito. Escrevo para matar. Fazer morrer essas pequenas células cadentes, renascendo das tintas. Escrevo para não esquecer. Cartas, bilhetes, telegramas, contos, postais. 140 caracteres. Perdoe meus neologismos e desaforismos. Existem razões. Há de ser sentido. Não há?! Sempre quis nunca precisar. Mas quem escolhe fazer um buraco no meio do céu?! Por entrelinhas, entre medos, entrementes. Devo ter perdido algo no meio do caminho. Pode ter sido uma pedra. Enceno neuroses, vejo vultos, um borrão no espelho trincado. Um reflexo. Vai. Escreve. Se dobra no papel. Espreme as águas. Fecha os olhos. Escreve. Inspiração não é como feijão, não tem todos os dias. Sobre tudo isso, eu tenho ta…
Confissões drásticas de um neoromântico ferido e outras crônicas cotidianas distorcidas.